Com 16 anos, o jovem K. P. Yohannan tornou-se finalmente a resposta às orações da sua mãe: “Senhor, faz de um dos meus filhos um pregador do Evangelho!”
Yohannan, o mais novo de seis irmãos, parecia o mais improvável de todos por causa da sua timidez. Na aldeia de Niranam, em Kerala, no Sul da Índia, a sua mão jejuou todas as sextas-feiras durante três anos e meio. A sua oração era sempre a mesma. E nada acontecia.
O texto que se segue é um excerto do testemunho do próprio Yohannan, contado no livro “Revolution in world missions: one man’s journey to change a generation”.
“Uma equipa da Operação Mobilização visitou a nossa igreja para apresentar o desafio do distante Norte da Índia. (…) Falaram de apedrejamentos e espancamentos que sofreram enquanto pregavam o Evangelho nas aldeias não-cristãs do Norte. (…) Há medida que a equipa ia descrevendo a situação desesperada e perdida do resto do país – 500.000 aldeias sem qualquer testemunho do Evangelho – eu senti uma estranha compaixão pelos perdidos. Nesse dia fiz um voto de ajudar a levar o Evangelho de Jesus Cristo às misteriosas e estranhas terras do Norte.”

Yohannan concordou em juntar-se a um grupo de estudantes numa missão de verão. A sua mãe – radiante com a resposta às suas orações – prontamente o apoiou, dando-lhe as 25 rupias para o bilhete de comboio.
Quando foi à sede da missão foi recusado por causa da idade e da inexperiência. Foi como um balde de água fria. No entanto, foi-lhe permitido assistir a uma conferência onde ouviu George Verwer que desafiou a uma vida de discipulado radical, colocando a vontade de Deus acima de todas as coisas.
“Sozinho nessa noite na minha cama, lutei tanto com Deus como com a minha consciência. Por volta das duas horas da manhã, com a almofada molhada de suor e lágrimas, tremi de medo. E se Deus me pedisse para pregar nas ruas? Como é que eu poderia apresentar-me em público e falar? E se eu fosse apedrejado e me batessem?
Enquanto falava estas palavras percebi que me estava a comportar como Moisés quando foi chamado. De repente, senti que não estava sozinho no quarto. Um grande sentimento de amor e de que eu era amado encheu o lugar. Senti a presença de Deus e caí de joelhos ao lado da cama. “Senhor”, – solucei em rendição à Sua presença e vontade – “eu dar-me-ei para falar de Ti, mas faz-me sentir que Tu estás comigo.”
De manhã, acordei para um mundo e pessoas subitamente diferente. (…) Eu amava-os a todos com um amor sobrenatural, incondicional, que eu nunca tinha sentido antes. Era como se Deus tivesse tirado os meus olhos e os substituísse pelos dele para que eu visse as pessoas como Ele as vê – perdidas e necessitadas mas com potencial para O glorificar e reflecti-lo.
Caminhei para a estação. Os meus olhos cheios de lágrimas de amor. Eu sabia que todas aquelas pessoas iam para o inferno – e sabia que Deus não as queria lá. Eu senti um peso tão grande por eles que tive que me apoiar numa parede só para me suster.
“Senhor”, – clamei – “se queres que eu faça alguma coisa, diz, e dá.me coragem!”. Ao abrir os olhos da minha oração vi uma enorme pedra. Soube imediatamente que devia subir e pregar às multidões na estação. (…) À medida que a autoridade e o poder de Deus fluíam em mim, eu tinha uma ousadia sobrenatural. As palavras saíam que eu nunca pensei ter – com um poder claramente vindo de cima.
Alguns elementos das equipas missionárias ouviram-me. A questão da minha idade e do meu chamado nunca mais foi um problema. Isto foi em 1966, e eu continuei…”
Yohannan e a sua esposa fundaram a “Gospel for Asia”, uma organização missionária que apoia missionários nativos para levar o Evangelho às regiões da Asia. Hoje, é uma das maiores organizações missionárias mundiais. Podes saber mais aqui.

Quando leio testemunhos como este penso em quanto ainda precisa mudar em mim. Oro. Para que o Amor de Cristo me constranja. Para que os meus olhos sejam abertos. Para que o meu coração arda com compaixão. Para que a glória de Deus seja a minha única satisfação.
E, tu?
NOTA: Esta reflexão (juntamente com esta) é um preâmbulo da nova série "Resolução 268". Em breve, no AdCausam. Sabe mais aqui.