A Rita é a bebé da família. Com 2 aninhos a vida dela resume-se a brincadeiras e afectos. Mas, a Rita tem um problema – não consegue manter nada nos pés por mais de 5 minutos! 🙂 A nossa luta por convencê-la a usar meias, chinelos, pantufas, sapatilhas, sandálias, botas, sapatos, ou qualquer outra coisa que lhe cubra os pés, tem sido uma batalha perdida.  Quando chego a casa ela vem a correr ter comigo à porta e a primeira coisa que diz é: “Papá, a Ita na taim mea!”, que traduzido significa que ela exibe com orgulho a sua desobediência.

A Inês, é a princesa rebelde. Gosta muito de brincar às princesas e tem uma imaginação tão infinita como o Universo. Passa o dia a cantar e a dançar, e sonha com contos de fadas. Mas, é dona das maiores birras, do retorquir, da teimosia, do desafio da autoridade, do ter a última palavra. Tem um espírito indomável.

Depois, vem o João. O João é um menino meigo e generoso, muito organizado e responsável. Tem uma mente inquisidora e brilhante. No fim-de-semana, apanhei-o a esconder alguma coisa debaixo da mesa. Perguntei-lhe o que era e ele tentou disfarçar. Disse que não era nada. Perante a minha insistência lá me mostrou um chocolate meio comido. Tinha-o tirado da despensa às escondidas.

De repente, dou por mim a criar um bando de malfeitores: uma desobediente inveterada, outra rebelde e obstinada, e outro, ladrão e mentiroso. Não é assim que os tenho educado, e certamente não os ensinei a proceder assim. Como é possível então que eles se comportem desta maneira? Porque, tal como acontece com todos nós, eles apenas manifestam a sua natureza: são pecadores.

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
Romanos 5:12

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
Romanos 3:23

A inescapabilidade do pecado

Há uma condição de pecado que herdamos dos nossos pais, é a nossa natureza. Isso é bem evidente nas crianças, porque apesar de não lhes ensinarmos o mal elas naturalmente se inclinam para ele. Por serem crianças, que ainda não entendem perfeitamente o que fazem, nós temos a tendência de desvalorizar esses comportamentos e, por vezes, até lhes achamos graça, reforçando assim, nas sua mentes em formação, que o pecado é normal, aceitável e tratável.

Então, deixando a natureza seguir o seu curso, o pecado toma conta de todo o carácter, intenções, vontades, desejos, mente e atitudes do Homem. Não somos pecadores só por natureza, mas, por incessante prática.

Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado;
Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda;Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto;Com as suas línguas tratam enganosamente;Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
Em seus caminhos há destruição e miséria;
E não conheceram o caminho da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Romanos 3:9-18

Há tempos vi um documentário que consistia de uma entrevista a uma série de pessoas numa Universidade. A dada altura o entrevistador perguntava: “Considera-se uma boa pessoa?” A resposta, invariavelmente, era: Sim! Logo se seguiam outras questões:

  • Já alguma vez mentiu?
  • Quantas vezes?
  • Nesse caso, podemos afirmar que é um mentiroso?
  • Já alguma vez roubou alguma coisa?
  • Nesse caso, podemos dizer que é um ladrão?
  • Já cobiçou a mulher do próximo? Já olhou para alguém com luxúria?
  • Ainda se considera boa pessoa?

Ainda que o desvalorizemos o pecado está sempre presente nas nossas vidas. A Lei de Deus veio para nos mostrar precisamente essa realidade:

Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
Romanos 3:19-20

Mas, Jesus, intensificou ainda muito mais o poder da Lei quando trouxe a questão do pecado para muito mais perto de nós ao aplicá-la primeiro às intenções, desejos e pensamentos do que às acções visíveis. (ver o Sermão da Montanha, Mateus, cap.5, 6, 7)

Apesar dos grandes avanços científicos, tecnológicos, educacionais, sociais, culturais e económicos, o coração do Homem permanece o mesmo. Nenhuma dessas transformações mudou a nossa inclinação para o pecado, que é, como já vimos, em primero lugar uma ofensa contra Deus.

Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios,
Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.
Marcos 7:21-23

PaleBlueDotNo dia 14 de fevereiro de 1990, a Voyager 1  estava prestes a sair do sistema solar. Os cientistas da Nasa comandaram-na para que se voltasse para trás e tirasse uma série de fotografias aos planetas do sistema solar pelos quais tinha passado. A NASA fez uma compilação das imagens criando um mosaico do Sistema Solar. Uma das imagens que retornou da Voyager era a Terra, a 6,4 bilhões de quilómetros de distância, mostrando-a como um “pálido ponto azul” na granulada imagem.

Numa conferência em 11 de Maio de 1996, Carl Sagan falou dos seus pensamentos sobre a histórica fotografia:

Olhem de novo para esse ponto. Isto é a nossa casa, isto somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e do nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas económicas, cada caçador e agricultor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.

A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, virem eles a ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.

As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são esmagadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algum lugar para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais nenhum, pelo menos no próximo futuro, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, pôde. Assentar, ainda não. Gostando ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.

Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso pequeno mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade em nos portarmos mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que temos conhecido.

(Fonte: Wikipédia)

A falta de esperança de Carl Sagan e de muitos outros homens e mulheres contrasta com a Esperança gloriosa que brilha em cada página da Escritura Sagrada:

Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. 1 João 3:20

Não posso terminar sem voltar a falar dos meus filhos. Apesar da sua natureza os levar a pecar, a culpa e a vergonha que isso desperta neles, leva-os a buscar o perdão. Os nossos corações adultos, pelo contrário, estão empedernidos e mostram-se altivos para com Deus. Oh, tomara que fôssemos como crianças, porque das tais é o Reino dos Céus. (Lucas18:16-17)

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