Jesus e Pedro são os intervenientes da conversa mais introspectiva de toda a Escritura (João 21). Sentados na praia, Jesus volta-se para Pedro e pergunta-lhe: “Amas-me?”. Não sei de pergunta mais profunda do que esta.

praiaPedro lembrava-se seguramente das promessas de nunca abandonar o Senhor, ainda que lhe custasse a vida. Lembrava-se do aviso de Jesus acerca da traição. Lembrava-se da escaramuça no Jardim quando cortou a orelha a Malco. Lembrava-se de seguir Jesus de longe. Lembrava-se de estar sentado na roda dos escarnecedores. Lembrava-se de O ter negado. Três vezes. Lembrava-se do olhar de Jesus que encontrou o seu. Lembrava-se das lágrimas que chorou. (Lucas 22)

A pergunta de Jesus confronta-o com o passado incómodo, e ele sabia que não podia fugir mais. Diante dele estava Aquele que “sabendo que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo.13:1) Pedro conhecia a face desse Amor. O Amor que lhe lavou os pés (Jo.13:1-17). O Amor que partiu o pão e deu o cálice como símbolos de uma Nova Aliança (Lc.22:15-20). O Amor que prometeu uma comunhão eterna (Jo.14). O Amor que prometeu a virtude de uma nova vida (Jo.15). O Amor que enviaria o Consolador (Jo.16). O Amor que Se entregou à vontade do Pai (Lc.22:42). O Amor que Se entregou, em silêncio, ao desprezo dos Homens. O Amor que suportou a ira do Santo. (Isaías 53)

“Amas-me?” Pedro sabia o sentido do Amor que Jesus procurava no seu coração. Lembro-me de alguns episódios bíblicos que são o reflexo desse Amor.

1. O verdadeiro Amor conduz a um serviço extravagante.

Jacó serviu a Labão por 14 anos porque amava a Raquel (Gn.29). E, “lhe pareceu como poucos dias, porque muito a amava.”

Pensa no teu serviço a Deus como uma expressão do teu amor, e não como um fardo. Dessa perspectiva como respondes ao “amas-me?” de Jesus?

2. O verdadeiro Amor produz uma adoração extravagante.

A mulher pecadora que invadiu a casa de um homem religioso para lavar os pés de Jesus com lágrimas, enxugá-los com os seus cabelos, beijá-los incessantemente e ungi-los com óleo demonstrou uma profunda contrição de alma e um Amor suave que foi recebido por Jesus como adoração genuína. (Lc.7:36-50)

A quem muito foi perdoado muito ama.” A tua adoração, os teus afectos e emoções, as tuas atitudes revelam que medida de Amor e gratidão para com Deus?

3. O verdadeiro Amor entrega-se em sacrifício extravagante.

Certo dia, em tempo de guerra, o rei Davi solta um desabafo suspirando pelas águas da fonte às portas de Belém. Sem hesitações, e sem serem comandados a tal, três valentes da sua guarda arriscam as suas vidas invadindo o aquartelamento dos filisteus em Belém e trazem da água para o seu rei. Perante tal sacrifício Davi nem mesmo se atreveu a beber da água derramando-a como oferta de adoração ao Senhor. (2Sm.23:13-17)

No tempo pós-moderno de exaltação do EU em que vivemos a entrega sacrificial em favor do outro é a expressão máxima do Amor. Do que estás disposto a abdicar de teu em favor dos outros e da glória de Deus?

4. O verdadeiro Amor vive uma fé extravagante.

Desarmado pela pergunta insistente de Jesus, Pedro finalmente cede, e mostra a sua fraqueza dizendo: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo” (João 21:17) Tu sabes. Tu sabes quanto te amo. Sabes melhor do que eu próprio. Jesus responde-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.” (João 21:18-19)

A fé extravagante não é a grande fé, mas sim a fé sincera, absoluta e rendida. Quando Pedro se despiu de toda a sua presunção e confiança própria entregando-se a Cristo, ele estava pronto para glorificar a Deus. Essa fé é a expressão do Amor.

Hoje, o Senhor Jesus Cristo pergunta-te a ti: “Amas-me?” Como vais responder a essa pergunta?

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