A transformação operada por Deus na vida daqueles que crêem é tão profunda que a Bíblia fala dela em termos de uma nova identidade. Há uma vida velha que corresponde a uma identidade velha e corrupta, que dá lugar a uma nova vida em Cristo. Em nenhum lugar das Escrituras esta nova vida é apresentada como existindo além, fora ou à parte de Cristo. É em Jesus Cristo, na Sua vida, que encontramos a realidade da nossa nova identidade. Mais de 100 versículos por todo o Novo Testamento nos falam directamente dessa transformação que é estar em Cristo (ver infográfico).
Por diversas vezes somos exortados pelas Escrituras a assumir frontalmente e com ousadia essa nova identidade. Quero recordar-vos dois textos em que o próprio Jesus nos desafia.
Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.
Mateus 10:32-33Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
Lucas 9:26
Estes desafios e avisos solenes de Jesus surgem num contexto particular – Jesus estava a enviar os seus discípulos ao mundo como Suas testemunhas. Muitas dificuldades e desafios à fé surgiriam, e era precisamente nesses momentos que os discípulos iriam mostrar a sua verdadeira identidade. Confessar ou negar a Cristo? Ter vergonha ou ser ousado? As tribulações que viriam separariam os verdadeiros filhos de Deus daqueles que O seguiam com motivações humanas.
O que significa confessar a Cristo?
Confessar a Cristo é mais do que palavras. É a atitude activa de reconhecer a Jesus Cristo na minha vida quer por palavras quer por actos. Saliento três implicações de confessar a Cristo:
- Confessar o nosso pecado e incapacidade de nos salvarmos a nós mesmos. É uma declaração de falência e fracasso. Mas, ao fazê-lo entramos no gozo das promessas de Deus (1Jo.1:8-10)
- Confessar que a nossa esperança de salvação está em Jesus Cristo e na obra que Ele realizou na cruz. É uma declaração de rendição. Mas, esta é a rendição que nos garante a vitória (Rm.10:9-13)
- Confessar que a nova vida que vivemos não é na nossa força mas pelo poder da Sua vida em nós. É uma declaração de propósito, vivemos para a sua glória (Gl.2:20).
O que significa envergonhar-me de Cristo?
A questão da vergonha vai fundo nos nossos corações. Ela discerne as intenções e motivações. O nosso prazer deve ser gloriar-nos no Senhor. Isso significa alegrar-nos, ter orgulho e vaidade por Ele, desejar mostrar a todos quem Ele é. A vergonha é a negação de toda a transformação do nosso coração. Três áreas em que muitas vezes nos envergonhamos do Senhor:
- Colocar os meus interesses acima dos dele (Lc.9:23, Mt.10:37-39). Ao fazer isto estou a dizer que a minha vontade é melhor do que a dele. Que me satisfaço mais em seguir o meu coração do que em agradá-lo.
- Colocar a minha segurança acima da Sua glória. (Lc.9:24, Mt.10:34-35). Quando escondo o facto de que sou cristão ou quando faço alguma coisa que sei que não devo só para não ser prejudicado, mostro que não estou disposto a sofrer por amor d’Ele. Na prática, estou a dizer que o meu nome é maior (mais importante) do que o Seu Nome.
- Considerar a obediência à Sua vontade como um fardo. Muitos obedecem a Deus por obrigação, por medo ou até por interesse. Poucos são os que encontram satisfação em agradar-lhe só porque Ele é digno. Consideramos a vontade de Deus e parece-nos que Deus só diz: “Não!” A vontade de Deus é entendida como uma limitação à nossa, e por isso estamos sempre em confronto com Deus. Mas, não precisa ser assim, pois o seu fardo é leve e o seu jugo suave (Mt.11:28-30)
É tempo de assumir a nossa identidade. Sem vergonha. Sem medo. Com ousadia. Confessando alegremente a Cristo.
Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. (Rm.6:11)
Tenho sido assolado, de dia e de noite, por uma quantidade de pensamentos que me levam a questionar se estarei realmente salvo. Quanto mais acho que sei de Deus menos sei verdadeiramente; sinto-me vazio. O que é a fé? Tendo a ser muito mais emocional do que racional, sinto-me sempre inseguro! Sente-se o Santo o Espírito de Deus? Sinto-me triste em saber que muitas vezes me calei acerca de Cristo, só para não sair mal visto. Peço perdão vezes e vezes sem conta, por aquilo que sou e faço. Será que é tudo uma questão de obediência? Só quero voltar a sentir o calor da presença de Deus e a alegria da salvação! É possível um crente ser triste? Será que isto é uma fase? Estou a ficar muito muito exausto. Parece que estou sempre a forçar a fé em mim, como se estar com Deus tivesse de ser algo que sai do meu braço! Qual é a parte que me cabe e qual a de Deus? Como sei que Deus está a trabalhar em mim e que não sou apenas eu? Acima de tudo, só desejo estar com Deus de novo e que a sua paz me preencha de tal maneira que o meu coração saiba que é ele e não eu. Viver com Cristo não é suposto ser um fardo! Sinto um peso de acusação tão grande todos os dias que chega a ser martírio.
Como é que é possível viver sem medo? Vivo sempre no medo de pecar! Parece que tudo me cai em cima! A Glória do Senhor é tão grande que chego a sentir-me miserável com a quantidade de vezes que não o honro. Será que Deus me identifica como um dos seus filhos? Será que ele me ouve quando oro? Às vezes oro em lágrimas com convicção muito pequena de que me ouve, porque eu quero mesmo muito vê-lo e descansar nele e esse momento tarda em chegar; fico desesperado! O que é que falta em mim? É fé, é sabedoria, é paz? Será que o foco deve estar em Cristo e não no que eu sinto? Ler a sua palavra mesmo não tendo vontade? Orar mesmo tendo medo que não me ouça? Isso é para ele prova de que confio nele? Tantas perguntas e tão poucas respostas!
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