O Centro de Estudos de Religiões e Culturas (CERC) da Universidade Católica Portuguesa, realizou um estudo sobre Identidades Religiosas em Portugal: Representações, Valores e Práticas. O estudo permite comparar com dados de 1999, traçando assim o retrato evolutivo do panorama religioso em Portugal dos últimos 12 anos. Os jornais têm feito as suas parangonas com a descida de posição dos católicos abaixo dos 80%, uma perda de 3,7 %, o que pode reflectir uma perda de influência da Igreja Católica Romana. Por outro lado, os cristãos evangélicos são o grupo com maior crescimento, na ordem dos 2,5%, representando 2,3% do país. (Fonte: Público.)
Não quero ocupar muito tempo a considerar estes números. Há outros que chamaram mais a minha atenção.

Por comparação, o grupo dos Protestantes / Evangélicos é o que se assume como maioritariamente praticante da sua fé (84,4%). Curiosamente, como demonstra o gráfico ao lado, são também o grupo que encara o futuro com maior Esperança / Confiança (48,9%). A fé viva produz esperança, mesmo no meio das tribulações, porque está arraigada em Jesus Cristo, que garante o nosso futuro glorioso. (Rm.5:1-11)

Ao analisarmos as razões para se ser religioso verificámos um dado interessante. As pessoas valorizam muito o bem que a experiência religiosa traz – sentido à vida, valores familiares, lidar com a dor, ajuda ao próximo – mas, identificam-se muito pouco com a prática dos valores morais que professam, como ser honesto e competente no emprego, pagamento de impostos, e vida cívica. Para a maioria, é boa a respeitabilidade que a prática religiosa pode trazer, mas, também é conveniente que fique só pela superfície, sem mudança de coração, sem arrependimento, sem confissão, sem abandono de pecados. (Mt.23:23-28)

Estes dados vêm ao encontro dos motivos apresentados para não ter religião. As pessoas não querem ter uma experiência com Deus, porque isso as “obrigaria” a rever os seus valores morais e as regras de conduta. Essa escolha consciente por parte de um número crescente de portugueses, acrescida da prática de fé quase inexistente por uma grande parte dos ditos religiosos, explica a degradação dos valores a que assistimos nos últimos anos – aprovação da Lei do Aborto, Lei do Casamento Homossexual, Lei da Adopção por casais homossexuais (num futuro não muito distante), aumento da taxa divórcios, famílias mono-parentais, aumento do consumo álcool nos jovens, idade de iniciação sexual cada vez mais baixa (13-15 anos), etc. Deus dá-nos liberdade para fazermos as nossas escolhas, mas também nos alerta para o facto de que colheremos o fruto delas. (Rm.1:18-32)
As gerações mais novas são as que se apresentam como os não-crentes ou crentes sem religião. Confrontados com a dicotomia entre o pensamento secular/mundano e a fé, eles abdicam da fé. Os muitos preconceitos construídos à volta da fé contribuem certamente para esse afastamento. É um bom ponto de partida para reflectirmos sobre as razões pela qual a Igreja tem falhado na sua missão para com os jovens. Outro dado curioso é a população protestante/evangélica ser maioritariamente jovem (25-34 anos, 48,9%), factor que nos dá esperança quanto ao futuro. Uma nova geração está a ser levantada por Deus para alcançar esta nação! Glória a Deus.
O que pensas deste relatório? Como é que ele pode influenciar o comportamento da Igreja da próxima década?