11.Dezembro :: Jesus, o rejeitado (parte 1 – Israel)
Já alguma vez ansiaste por um presente muito desejado? Não conseguias pensar noutra coisa. Já te imaginavas a brincar com ele. Não falavas de mais nada. E, à medida que o momento de recebê-lo se aproximava quase nem conseguias dormir. Basta recuarmos à nossa infância para nos lembrarmos de como é.
Talvez te lembres também da desilusão sentida quando ao rasgar freneticamente o papel de embrulho não encontravas o presente desejado. O carro de corridas telecomandado não passa de um simples carrinho que tens que empurrar para todo o lado. O videojogo do momento é afinal um livro sem figuras. A boneca transformou-se subitamente num chato par de meias. Da desilusão à birra é um pequeno passo. Tudo com o que sonhaste subitamente se desfez no ar. Talvez isto até seja só um sonho mau. Um pesadelo do qual vais acordar em breve. O dia da festa é só amanhã. Mas, o amanhã nunca mais chega.
Pela boca do profeta Isaías ouve-se um lamento:
Quem deu crédito à nossa pregação? (Isaías 53:1)
A Terra ansiava pelo Redentor. Israel suspirava pelo Messias. A nação fundada por Deus estava ferida, dividida em dois, mergulhada numa guerra fratricida que parecia não ter fim. O descanso prometido pelo Senhor era uma miragem no meio da guerra com os povos vizinhos. A prosperidade outrora gozada parecia perdida para sempre. A mensagem dos profetas era cada vez mais dura, acusadora e terrível. “Precisamos do Messias. Queremos o Messias!”, era o clamor que crescia nas ruas de cada vez que os profetas traziam mais um oráculo da parte de Deus.
No entanto, no meio da crescente expectação, que se avolumou com os anos, no cativeiro, e, depois do exílio, ressoava o lamento de Isaías, e os avisos velados sobre o perigo de falhar o reconhecimento do Messias aquando da Sua chegada.
A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. (Salmos 118:22)
Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado. (Isaías 6:9-10)
Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém.
E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos. (Isaías 8:14-15)
Quando muitos anos mais tarde João nos relata o milagre da Encarnação ele tristemente afirma:
Veio para o que era seu, e os seus não O receberam.
(João 1:11)Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos?
Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.
E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.
E os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas palavras, entenderam que falava deles. (Mateus 21:42-45)
Os avisos a Israel aparentemente não produziram efeito. Eles eram como aquele menino que ansiava tanto por um presente que tinha idealizado nos seus sonhos, que, ao abrir o presente real que tinha em suas mãos se desiludiu e fez birra. Não que o presente não fosse bom, melhor até do que tinham sonhado, mas, não era o que eles queriam. Israel queria um Messias poderoso aos seus olhos. Um rei. Um líder militar. Um revolucionário. Um visionário. Um que fosse capaz de lhes restaurar a glória terrena que desejavam. Quando Deus envia um Messias nascido humilde e pobre, sem aspirações políticas ou religiosas, disposto a dar a Sua vida em favor dos pecadores, Israel sentiu-se defraudado. Como se a glória de um palácio fosse maior ou melhor do que a Glória da presença de Deus. Como se a destruição dos opressores humanos fosse mais libertadora do que a aniquilação do diabo, do pecado e da morte. Como se o perdão dos pecados fosse a menor de todas as dádivas.
Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.
E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele;
Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez:
Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.
Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. (João 12:35-41
Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;
E não quereis vir a mim para terdes vida.
Eu não recebo glória dos homens;
Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.
Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?
Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele.
Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras? (João 5:39-47)
Israel rejeitou O desejado. Mas, mesmo assim Ele veio. Por Amor.