O homem à minha frente sentava-se muito direito. Truculento, de olhar fito no vazio, era uma figura impressionante. Reparei no saco que trazia – era militar. De vez em quando a sua face iluminava-se com um sorriso quase imperceptível que não desfazia a sua pose impenetrável.

Chegados à estação, desembarcamos. Perdi-o de vista por momentos no meio da confusão de gentes que compete para transpor a escadaria que conduz para fora da plataforma. Quando o avistei, estava parado no meio da multidão, abrindo os braços. Furando por entre as pessoas uma criança corria e ria de felicidade. Lançam-se num abraço demorado. Um beijo. Um milhão de perguntas. Tanto para contar.

Enquanto saíamos da estação, apreciava esta família agora reunida. Pai, mãe e filho. O casal cúmplice num abraço. A criança pulando em torno do pai. Contando todas as novidades. Fazendo as perguntas adiadas pela separação. Não escondendo a felicidade total que sentia.

Lembrei-me da parábola do Filho Pródigo. Lembrei-me de tantos apelos que Deus nos faz para nos encontrarmos com Ele. Quando foi a última vez que correste assim para os braços do Pai, num estado de felicidade pura, para simplesmente ficares em comunhão com Ele?

“e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” (Lucas 15:20)

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