Uma das questões que me motivou a fazer esta série sobre a Justiça de Deus foi:
“Se não há salvação a não ser por Cristo, como ficam os milhões de seres humanos que nasceram e viveram antes de Cristo?”
Por trás desta pergunta está a presunção de que a menos que a oportunidade de salvação tenha sido oferecida a todas as pessoas, Deus não pode condenar ninguém sem ser injusto. Este modo de pensar não está, no entanto, correcto. Vejamos porquê.
- A justiça de uma decisão está relacionada com a conformidade às regras pré-estabelecidas. Por exemplo, se eu passo um semáforo vermelho e sou multado, fez-se justiça.
- A não aplicação da pena a uns não torna a pena injusta para outros. Ou seja, se outro condutor passa o sinal vermelho e consegue escapar, eu, ao ser multado, não estou a ser injustiçado, porque tendo violado a lei estou sujeito à respectiva pena.
Já vimos que Deus é Justo porque Ele sempre age de acordo com a Verdade. Sobre nós, concluímos que somos pecadores, e o nosso pecado é uma grave ofensa contra a Santidade de Deus, é a raiz de todos os nossos males e desgraçadamente não podemos livrar-nos dele por nós mesmos. Conjugando estas duas verdades fundamentais temos que: um Deus Justo deve castigar o pecado do Homem.
A Justiça na condenação
Quando Deus castiga o Homem, Ele é Justo. É justo porque não há nenhum Homem que vá ser condenado por Deus não sendo pecador. Todos serão castigados pelo seu próprio pecado.
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. Ezequiel 18:20
Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;
O qual recompensará cada um segundo as suas obras. Romanos 2:5-6
“Mas, – perguntamos – e as pessoas que nunca leram a Bíblia, nunca ouviram falar de Cristo, nunca souberam estas coisas?” Será que é justo Deus condená-las por algo que não sabiam?
Já aqui disse que o desconhecimento da lei não nos livra da penalidade em caso de infracção, mas, esse nem sequer é o nosso caso. Vejamos:
Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.
Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;
No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
Romanos 2:11-16
Este texto é esclarecedor:
- Deus não faz diferença entre pessoas quando está a julgar. Ele não tem favoritos, nem beneficia ninguém sobre outros.
- Seremos julgados de acordo com o conhecimento que temos.
- Mesmo não conhecendo a letra da Lei de Deus, conhecemos e praticamos naturalmente – porque somos sua criação, e temos essa lei escrita nos corações – muitos dos seus preceitos. Nem todos somos bandidos, muitos somos capazes de fazer o bem, somos honestos, amamos o próximo, etc.
- Mesmo não conhecendo a letra da Lei de Deus, quando violamos esses preceitos sentimos a nossa consciência a acusar-nos de que fizemos alguma coisa errada.
- O conhecimento formal da Lei de Deus não nos torna livres de culpa, é preciso praticá-la.
- O conhecimento formal da Lei de Deus apenas aumenta a nossa responsabilidade diante dele, e a nossa culpa quando a rejeitamos.
- Deus nos julgará por Jesus Cristo.
Concluindo:
Se eu nunca ouvi falar de Jesus Cristo, Deus não vai condenar-me ao inferno porque eu não O reconheci como Senhor, mas sim, porque eu prevariquei abundantemente contra o conhecimento que tinha do bem e do mal.
Se eu ouvi a maravilhosa mensagem do Evangelho e a recusei, então, também serei condenado pelos meus pecados praticados, sendo que o maior de todos foi rejeitar a Salvação que Deus amorosamente e graciosamente me ofereceu em Jesus Cristo.
De qualquer modo, Deus age com Justiça.
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Outros artigos da Série: A Justiça de Deus.
- Deus é Justo
- A Justiça de Deus em condenar pecadores
- O conceito de pecado (parte1)
- A gravidade do pecado (parte2)
- A inescapabilidade do pecado (parte3)
- A Justiça de Deus em salvar pecadores
- O escândalo da Graça (parte1)
- Justiça satisfeita (parte2)
- Justiça Imputada (parte3)