Os insensatos zombam do pecado, mas entre os retos há benevolência. Provérbios 14:9

O que rouba a seu próprio pai, ou a sua mãe, e diz: Não é transgressão, companheiro é do homem destruidor. Provérbios 28:24

Falar de pecado nos dias de hoje parece uma coisa fora do contexto. Pecado é coisa da Idade Média, antes da Razão, quando se tentava castrar a liberdade das pessoas com o medo do inferno.

Hoje fala-se de escolhas e gostos pessoais, liberdade de expressão, novos afectos, nova sexualidade, nova parentalidade, novas famílias. Já não há Imoralidade, há liberdade sexual. Já não há Mentira, há convicções diferentes sobre o mesmo assunto. Já não há Verdade, cada um tem direito à sua opinião. Não há Impiedade, há expressões múltiplas de fé e religiosidade.

O conceito de pecado foi de tal modo diluído na nossa cultura que coisas que, há não muitos anos, seriam inaceitáveis aos olhos da maioria da população, religiosa ou não, são hoje banais. O pecado é coisa que já não nos preocupa, nem aflige.

A gravidade do pecado

Afinal, ainda faz sentido falar de pecado? Em Ira de Deus? Em inferno?

No “não-tão-admirável” mundo novo em que vivemos esta não é uma mensagem popular. Os templos enchem-se para ouvir falar de coisas boas. De ser melhor pessoa. Mais bem sucedido. Motivado. Optimista. Vai-se à “igreja” para aprender em 5 passos como ser feliz.

Esses homens rejeitaram deliberadamente a verdade de Deus e aceitaram uma mentira, honrando e exaltando a criatura em vez do Criador, o único que merece ser adorado para todo o sempre, amém. (Rom.1:25, paráfrase de J.B.Phillips em Cartas para Hoje)

Somos como a avestruz. Segundo a mitologia popular – que terá começado em torno de uma descrição do historiador romano Plínio, o Velho, mas nunca observado na natureza – a avestruz, sentindo-se ameaçada, enterra a cabeça na areia, pensando assim estar a salvo dos predadores. Tal comportamento não abona muito a favor da sua inteligência, nem garante uma longa vida.

Rimo-nos com a avestruz, mas, a nossa reacção ao pecado, e a Deus, é em tudo semelhante. Pensamos que por não nos importarmos com o conhecimento de Deus, estamos a salvo do Seu Julgamento. Seremos tão bem sucedidos como a pobre avestruz de cabeça enterrada na areia.

Quero apresentar 3 razões que atestam a gravidade do pecado.

1. O pecado é uma ofensa a um Deus Santo.

Quando o profeta Isaías teve uma visão do trono de Deus havia um grupo de anjos que não se cansavam de clamar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor!” Perante tal visão da glória de Deus, este homem, temente a Deus, que O conhecia na vida diária, que O servia como profeta, que lutava contra o seu pecado todos os dias, cai por terra, tremendo de medo, e chorando:

Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.
Isaías 6:5

Não entenderemos a ofensa do nosso pecado sem conhecer o carácter perfeito e Santo de Deus. Quanto mais O conhecermos, mais tenebroso e vergonho o nosso pecado parecerá.

Para nos fazer sentir o nosso pecado, Paulo, na sua lição da Carta aos Romanos sobre a Justiça de Deus, escreve assim:

Será que não estás a interpretar mal a generosidade e a misericórdia paciente que te foram demonstradas, achando que são sinas de fraqueza da parte Dele? Tu não percebes que a bondade de Deus tem como objectivo conduzir-te ao arrependimento? (Rom.2.4, paráfrase de J.B.Phillips em Cartas para Hoje)

O nosso pecado não ofende apenas a Pureza, Justiça e Moral de Deus. O Seu Amor, Generosidade, Misericórdia e Bondade são desprezados quando pecas. Por isso, a tua ofensa é ainda maior.

2. O pecado destrói a tua vida.

Abandonaram a Deus; por isso Deus os abandonou – para serem objectos dos seus próprios desejos imundos, ao desonrarem os seus próprios corpos. (…) Entregou-os a paixões vergonhosas. (…) Permitiu que se tornassem escravos das suas mentes degeneradas e fizessem coisas que não posso nem mencionar. Encheram-se de iniquidade, podridão, cobiça e malícia; as suas mentes ficaram saturadas de inveja, homicídio, espírito de desavença, engano e rancor. Passaram a falar mal das pessoas por trás, a apunhalar pelas costas, a odiar a Deus; transbordaram de arrogância e orgulho insolentes, e a sua mente encheu-se de invenções diabólicas. Fizeram pouco caso do ver para com os pais, zombaram da consciência, não admitiram nenhuma das obrigações éticas, perderam toda a afeição natural e não fizeram nenhum uso da misericórdia. (Rom.1:24,26,28-31, paráfrase de J.B.Phillips em Cartas para Hoje)

Esta é a face do pecado. Há alguma destas coisas que desejes na tua vida? Há alguma que não reconheças na tua vida?

3. O fruto do pecado é a morte.

A definição actual de uma vida bem vivida é:

Tudo se destina à alegria e ao prazer; (…) Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos! Isaías 22:13

Este estilo de vida tem consequências – como já vimos – e, também tem um fruto:

A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago 1:15

Porque o salário do pecado é a morte. Romanos 6:23

A morte aqui mencionada não é apenas física, mas, também, moral e espiritual. Sem Deus estás “morto em ofensas e pecados” (Ef.2:1,5; Col.2:13), e sujeito à justa ira de Deus.

E, aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo. Hebreus 9:27

E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?
Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;
O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;
Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade;
Romanos 2:3-8

Ainda pensas que o pecado não tem importância?

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NOTA: Usei por diversas vezes a paráfrase de J.B.Phillips de “Cartas para Hoje” por aplicar uma linguagem mais corrente e moderna tornando o texto mais próximo dos leitores. No entanto, recomendo que sigam os respectivos links para examinar a versão tradicional das Escrituras.

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