Nos últimos tempos tenho sido conduzido a um conjunto de textos (Isaías 1, Romanos 1, 2, 3) com um tema comum: o pecado indesculpável do Homem perante um Deus Santo. Em todos os textos a gravidade do pecado do Homem é sempre realçada em comparação com a perfeição Santa de Deus, e não, como nós costumamos fazer, comparando-nos uns com os outros.
O conceito do pecado
A questão do pecado não pode ser julgada de nenhuma outra forma uma vez que “o pecado é um acto ou estado afirmativo de hostilidade contra Deus” (A.C.Knudson). O pecado, tal como exposto na Bíblia, carrega a ideia de uma atitude desafiadora em relação a Deus, à Sua Vontade e Soberania. Isso fica bem evidente logo na Queda:
Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
Gênesis 3:1
A Bíblia não tem uma definição concreta de pecado. Ao invés disso usa um conjunto de palavras que no seu devido contexto traduzem na nossa vida real e cotidiana a realidade do pecado, nas nossas acções, intenções, e condição. Do conjunto dessas palavras entendemos pecado como:
- errar o alvo
- maligno
- culpado
- rebelião
- abominação
- imundo
- vergonha
- transgredir
- desvio, deformação
- maldade, perversidade
- violência
- atitude malvada
- falta de justiça
- falta de fé
Considera o seguintes textos:
Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim.
O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
Isaías 1:2-4Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
Romanos 1:18Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Romanos 1:21E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
Romanos 1:23Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
Romanos 1:25E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso
Romanos 1:28E, quando ele (Espírito Santo) vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.
Do pecado, porque não crêem em mim (Jesus).
João 16:8-9
A essência do pecado é rebeldia contra Deus. Essa rebeldia, por sua vez, traduz-se numa prática de vida inquinada, cheia de maldade, malícia, imoralidade e injustiça, à qual Deus nos entregou por causa da nossa obstinada rebelião. (ver Rom.1:18-32)
A questão que se levanta agora é: Como deve reagir um Deus Justo, na defesa da Sua Santidade, à ofensa do nosso pecado?
Todos compreendemos e aceitamos que a violação da lei merece punição. Isso é justiça. Injustiça é quando alguém que viola a lei escapa impune. Curiosamente, quando falamos da Justiça de Deus, logo se ergue um coro de vozes a reclamar quando Deus castiga os pecadores. O pecado, a nossa violação da Lei de Deus, merece punição. Isso é Justiça.
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Para não tornar este artigo muito extenso, e dar tempo para reflectir sobre o que já estudámos, decidi dividir o texto em várias partes. Nos próximos dias responderemos às questões:
- Por que é que o pecado é uma ofensa tão grave contra Deus?
- Porque não posso livrar-me do pecado por mim mesmo?
- Como é que eu posso ser condenado por não crer em Jesus Cristo se nunca ouvi falar dele?
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Outros artigos da série: A Justiça de Deus
- Deus é Justo
- A Justiça de Deus em condenar pecadores
- A gravidade do pecado (parte 2)
- A inescapabilidade do pecado (parte3)
- A justiça na condenação (parte4)
- A Justiça de Deus em salvar pecadores
- O escândalo da graça (parte1)
- Justiça satisfeita (parte2)
- Justiça Imputada (parte3)