Os meus filhos não são de ficar calados perante injustiças. Por vezes, quando tenho que os disciplinar, levantam-se em defesa da honra e argumentam: “Ela também estava a fazer!”, ou “Ela é que começou!”. O “ela” refere-se à R., a bebé da família.
A razão do seu descontentamento e sentimento de injustiça não é o serem castigados – pois sabem bem que o merecem – mas, é a irmã ser quase sempre poupada ao castigo. O motivo é simples – ela, sendo ainda bebé, nem sempre entende as implicações daquilo que está a fazer, enquanto que eles têm entendimento para reconhecer o seu erro.
O escândalo da Graça
Reconheço no nosso lidar com Deus o mesmo comportamento. O que mais nos incomoda na Justiça de Deus não é propriamente o castigo – inteiramente justo – dos nossos pecados, mas o facto do castigo não ser aplicado a todos. A Salvação é o nosso tropeço. A Cruz, a loucura que nos revolve as entranhas.
Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. 1 Coríntios 1:23
Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado. Gálatas 5:11
Como está escrito:Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo;E todo aquele que crer nela não será confundido. Romanos 9:33
Será o maior acto de Amor de Deus – a Salvação do Homem – a Sua maior injustiça?
Porventura perverteria Deus o direito? E perverteria o Todo Poderoso a justiça? Jó 8:3
A profecia do Antigo Testamento termina num tom sombrio. Deus está insatisfeito com o Homem. A multidão de gentios (não-judeus) vive em rebelião aberta contra Deus. Os judeus, o povo escolhido de Deus, vivem em rebelião encapotada, escondida por detrás de uma religiosidade morta. “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos” (Salmos 14:3) O Julgamento chegará, avisa o Senhor pela voz do profeta Malaquias.
Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. Malaquias 4:1
Mas, a voz profética deixa um vislumbre de esperança:
Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas. Malaquias 4:2
Perante o mais abominável estado de pecado do Homem, Deus prepara a Sua mais brilhante e gloriosa manifestação de Justiça. Tão majestosa será que não pode ser ignorada, ou escondida, nem diminuída no Seu esplendor, tal como o sol.
Tal como sol que brilha sobre justos e injustos, bons e maus, a glória desta Justiça será manifesta a todos, e estará sobre todos, de modo que serão julgados à luz dela. (Romanos 2:16)
E, surpreendentemente, esta perfeita Justiça não trará a ardente Ira de Deus sobre todos, mas, cura e comunhão para muitos – os que temem o Seu nome.
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- Como é que Deus pode ser justo e não condenar pecadores?
- Como é que Ele pode harmonizar todos os Seus atributos – bondade, misericórdia, amor, justiça, ira, santidade?
- Qual é a maior manifestação da Justiça divina?
- Como é que eu posso ser declarado justo diante de Deus se sou um pecador?
Nos próximos dias responderemos a estas questões.
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Outros artigos da Série: A Justiça de Deus.
- Deus é Justo
- A Justiça de Deus em condenar pecadores
- O conceito de pecado (parte1)
- A gravidade do pecado (parte2)
- A inescapabilidade do pecado (parte3)
- A justiça na condenação (parte4)
- A Justiça de Deus em salvar pecadores
- Justiça satisfeita (parte2)
- Justiça Imputada (parte3)