Estranha forma de vida

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.

Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?

Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
para, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
porque teimas em correr
,
eu não te acompanho mais.

Amália Rodrigues

Amália Rodrigues é considerada a maior fadista de sempre. A sua carreira teve projecção internacional e ainda hoje é inspiradora para muitos intérpretes. Paradoxalmente com o seu sucesso e brilho em palco, sempre foi, segundo ela própria, uma pessoa com uma “estranha forma de vida”. Não era verdadeiramente feliz.

Ontem ouvia este fado e entristeci-me com o desencanto das suas palavras.  Que amargura de alma! Há quatro coisas que gostava de dizer – salientando os versos sublinhados:

1. A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. (Rm.12:1,2)

Embora a vida muitas vezes nos pareça agreste, o sofrimento, as desilusões, os fracassos, nunca são um reflexo da vontade de Deus para nós. Ele é Amor, e tudo o que deseja para nós é bom. Diz Deus:

“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.” (Jr.29:11)

2. O único que pode dar sentido à nossa existência é Deus.

Fomos criados com o propósito de conhecer, amar e adorar a Deus (Ef.1). Enquanto não nos voltarmos para Ele, nunca encontraremos a paz, o descanso, e a felicidade desejadas.

“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. (…) eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” (Jo.10:9,10)

3. Há liberdade em pertencer a Deus.

O desejo de liberdade e independência leva-nos muitas vezes num caminho de destruição. Rejeitamos todo o “jugo” para limite a nossa vontade. Mas, do nosso coração pecaminoso não pode vir nada de bom. Jesus disse:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt.11:28-30)

4. Há um caminho que conduz à vida.

Não é estranho que mesmo não sabendo para onde vamos continuemos a correr? Estamos perdidos e não pedimos ajuda, seguimos na nossa obstinação doentia que nos destruirá. É tempo de perceber que:

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (Jo.14:6)

Glória a Deus, por que não faz depender a nossa felicidade de coisas que passam ou falham, mas a alicerça Nele mesmo, que é sempre o mesmo. Nele estaremos seguros. Nele teremos paz. Nele encontraremos sentido para a existência – ainda que tudo o resto falhe. Rejeitar isto é mesmo uma “estranha forma de vida”.

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